Pular para o conteúdo principal

PASTORES ESTÃO DEIXANDO OS SEUS POSTOS MINISTERIAIS E VIRANDO GERENTES DE «LOJAS COMERCIAIS»



PASTORES ESTÃO DEIXANDO OS SEUS POSTOS MINISTERIAIS E VIRANDO GERENTES DE «LOJAS COMERCIAIS»


Existem dois tipos de pastores trabalhando nas diversas comunidades evangélicas hoje existentes. Primeiramente, temos aqueles que, premidos pela necessidade de conseguir sobreviver, estão deixando o seu ministério a fim de correr atrás de sua subsistência, pois não conseguem viver da prebenda que a igreja lhes dá. Até porque são comunidades ainda em formação e a maioria delas não tem condição de sustentar-se. Este primeiro tipo de pastor que vive dividido entre a igreja e o trabalho e não consegue fazer uma coisa nem outra, termina fazendo esforço hercúleo, usando todo tipo de «pirotecnia evangélica» para não cair em depressão. Por outro lado, temos o segundo tipo de pastores que conseguiram conquistar seu espaço no mercado de trabalho e se tornaram pessoas de classe média alta. Para estes a igreja passa a ser apenas um «hobby»(1).

Os dois grupos de pastores correm perigo. O primeiro, porque está quase apagando sua luz e jogando a toalha; o segundo, mesmo distante do seu alvo-meta, tem como resposta positiva de Deus o seu sucesso material. Mas é uma grande mentira. A melhor coisa é ouvir as palavras de Eugene Peterson sobre o assunto:

«Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para a direita e para a esquerda, com frequência alarmante. Isso não quer dizer que estejam deixando a igreja e sendo contratados por alguma empresa.
As congregações ainda pagam seus salários, o nome deles ainda consta do boletim dominical e continuam a subir ao púlpito domingo após domingo. O que estão abandonando é o posto, o chamado. Prostituíram-se após outros deuses. Aquilo que fazem e alegam ser ministério pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores que fizeram história nos últimos vinte séculos.
Os pastores se transformaram em um grupo de gerentes de lojas, sendo que os estabelecimentos comerciais que dirigem são as igrejas. As preocupações são as mesmas dos gerentes: como manter os clientes felizes, como atraí-los para que não corram para a loja concorrente, como embalar os produtos de forma que os consumidores gastem mais dinheiro com eles. Alguns pastores são ótimos gerentes, atraindo muitos consumidores, levantando grandes somas em dinheiro e desenvolvendo excelente reputação. Ainda assim, o que fazem é gerenciar uma loja. Religiosa, mas, de toda forma, uma loja. Esses empreendedores têm a mente ocupada por estratégias semelhantes às de franquias de fast food e, quando dormem, sonham com sucesso que atraia a atenção da mídia». (Extraído do livro Outra Espiritualidade, René Kivitz, págs 28 e 29)


Há pastores que já foram cooptados pela «maneira inteligente» de se fazer uma igreja crescer: a) chame cantores e pregadores famosos (toda semana); b) mantenha a igreja ocupada com os famosos “cultos ao burro”(2); c) não se esqueça de fazer as reuniões de avivamentos, cura, libertação e prosperidade e d) seja amigo de todos e, se possível, não pregue mensagens reflexivas.



Rev. Paulo Cesar Lima
Presidente da CNADEC


_________________________________
(1) É uma palavra inglesa frequentemente usada na língua portuguesa e significa passatempo, ou seja, uma atividade que é praticada por prazer nos tempos livres)
(2) «Culto ao burro» é o culto com ausência de reflexão, consciência, discernimento.  É o oba! oba! do senso comum; é o culto da emoção, da sensação, dos arrepios, dos calafrios; é o culto do «não sei e tenho raiva de quem sabe»; é o culto do «cheio de poder», mas uma coisa sem pé e sem cabeça. Não é que a gente seja contra as emoções; elas são bem-vindas, desde que não seja um fim em si mesmas. Isto porque mesmo de joelhos podemos estar pensando. Paulo diz: «Eu SEI em quem tenho CRIDO...»

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A RELAÇÃO PASTOR E OVELHA

A RELAÇÃO PASTOR E OVELHA “Então o povo se ajuntou em volta dele e perguntou: ‘Até quando você vai nos deixar na dúvida? Diga com franqueza: você é ou não é o Messias?’ Jesus respondeu: ‘Eu já disse, mas vocês não acreditaram. As obras que eu faço pelo poder do nome do meu Pai falam a favor de mim, mas vocês não creem porque não são minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem’.” (João 10:24-27). INTRODUÇÃO : Quando falamos da relação pastor e ovelha é preciso ter um olhar realista sobre o assunto. Jesus pergunta a Pedro: “ E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros ” (João 21.15). Ressaltamos que, primeiramente, o pastor, acima de tudo, deve amar a Jesus, o Sumo Pastor. Sem isso, qualquer relação de amor é impossível, pois quanto mais amor, mais serviço. O pastor de ovelha nem ...

TRANSFORMANDO ÁGUA EM VINHO

TRANSFORMANDO ÁGUA EM VINHO INTRODUÇÃO: O mais importante desta narrativa bíblica em tela, entre outras coisas que se pode falar, é a sua multidimensionalidade em termos de aplicação. É um texto riquíssimo para momentos devocionais como este que estamos vivendo aqui/ agora.    Em primeiríssimo lugar, desejo, num esforço hercúleo por sintetizar o que quero falar, dizer alguma coisa que tenha a ver com o nosso desejo e urgência de passarmos por uma grande mudança da parte de Deus. Segundo a Mishna (veja também Deuteronômio 20:7: « Há alguém comprometido para casar-se que ainda não recebeu sua mulher? Volte ele para sua casa, para que não morra na guerra e outro case-se com ela »), o matrimônio compreendia duas etapas: erusin e nissu’in . Erusin , primeira etapa, é como um noivado, celebrado diante de duas testemunhas, quando o noivo dizia “ seja você consagrada a mim... ”. Através deste ato a moça era “ reservada ” ao rapaz, todavia sem relação conjugal....

GOGUE E MAGOGUE E A NOSTRADAMIZAÇÃO DAS PROFECIAS BÍBLICAS

GOGUE E MAGOGUE E A NOSTRADAMIZAÇÃO DAS PROFECIAS BÍBLICAS Dias desses, assisti a um debate, melhor dizendo, a uma exposição sobre um tema da Escatologia Bíblica – o Gogue e Magogue – cuja apresentação beirou ao bizarro, extravagante, esquisito, porque os expositores cochilaram demasiadamente em fazer uma « exegese responsável » dos capítulos 38 e 39 de Ezequiel. O formato que deram aos textos foi de um « futurismo irresponsável » a « estatísticas estapafúrdias ». Eles transformaram símbolos em fatos reais. Resignificaram a profecia de Ezequiel aplicando-a aos tempos atuais, numa total nostradamização do texto profético. Champlin diz que os capítulos 38 e 39 são cercados de muita controvérsia interpretativa, não tanto porque têm, inerentemente, grandes dificuldades, mas porque certos intérpretes forçam sobre eles ideias pouco prováveis. 1 Para início de conversa, o inimigo do norte a que os textos de Ezequiel se referem não tem nada a ver com a Rússia; trata-se ...