O LUGAR DE
SANTIDADE DA IGREJA É FORA DAS PORTAS
Hebreus 13:12: «E por isso também Jesus, para
santificar o povo pelo seu próprio
sangue, padeceu fora da porta».
Eu não quero suscitar, com esta reflexão, um ambiente
de instabilidade e inconsistência; não me imagino fazendo isso, uma vez que sou
cobrado pela minha santidade intelectual. Não quero também falar de coisas que
não são aplicáveis aos interesses da nossa existencialidade. Por isso tenho
dois grandes objetivos com esta mensagem: a) redirecionar o caminho no qual
estamos acostumados a andar para tentar uma sincronia com o que a Bíblia nos
ensina; b) ressaltar o que o autor aos hebreus diz acerca da santidade não
experimentada por nós, porque não é comum à nossa prática cristã. Segundo o autor
aos hebreus, a fé cristã tem que ser vivida do
lado de fora da porta, porque é ali que acontece a verdadeira santidade. «Por isso foi que também
Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta» (Hb 13:12).
Ao ouvir esta mensagem umas 14
vezes e por pregadores diferentes, algo calou fundo dentro do meu coração: à
semelhança de Jesus, a igreja precisa ser igreja fora dos portões.
A ideia da cruz acontecer fora
dos portões, do sacrifício se dar fora dos muros, e dos grandes atos da
salvação ocorrerem fora da cidade, foi a ideia que mais me impressionou na
pessoa de Jesus.
De forma bem popular assevero
que a santificação estereotipada em nossos arraiais evangélicos é apenas um
arremedo, um cacoete de santificação para consumo interno. Ou seja, a nossa
santidade exibida dentro dos muros da igreja ela segue um padrão, uma regra: é
um tipo de mania comportamental para estar entre os selados da igreja. Aí o
autor aos hebreus chega e diz: «Olha, Jesus, para mostrar que a vida diária
pode ser vida santa para santificar os seus, viveu todas as implicações da
santidade do lado de fora do portão».
O Filho de Deus começa seu
ministério no casamento em Caná da Galileia e vai até a cruz. Passa por
banquetes com publicanos e pecadores, por relações comerciais com fiscais do
imposto de renda, por relacionamentos religiosos com escribas e fariseus, por
relações fraternais e dramas familiares, passa por controvérsias, angústias,
traições, sofrimentos e pela morte. Passa por isso tudo incólume e se consuma
do lado de fora, para não só se santificar como também oferecer a referência de
uma santidade possível dentro da igreja, mas também no lar, com a mulher e os
filhos, com os pais e os vizinhos, no trabalho, na escola, no lazer, nos
negócios... enfim, do lado de fora do portão.
Conforme o autor da homilia aos
hebreus, no capítulo 13, versículos 9,10 e 11: «... não se deixem atrair por
ideias novas e estranhas, pois a força espiritual de vocês vem como uma dádiva
de Deus, e não de preceitos cerimoniais sobre comer certos alimentos – um
método que, aliás, não ajudou aqueles que o experimentaram! Nós temos um altar
– a cruz em que Cristo foi sacrificado – onde aqueles que continuam a procurar
a salvação por meio da obediência às leis judaicas nunca podem ser socorridos»,
ele quer salientar que o altar de dentro só ganha legitimidade se o sacrifício
aqui oferecido tiver continuidade do lado de fora; ou seja, não adianta vir
cantar e adorar a Deus no culto se você é desonesto no trabalho. Não adianta
vir para a Ceia do Senhor, se em casa as relações estão um inferno. Essa é uma
ideia muito forte no contexto da epístola. A religião está querendo ir para
dentro dos confinamentos, a palavra de fé que é enviada para pregar o Evangelho
no mundo inteiro começa a se acomodar e há um processo de sacerdotalização,
puxando a igreja para trás do véu do santuário.
O escritor está dizendo: «Olha,
é do lado de fora; os animais oferecidos aqui dentro são depois queimados
fora». Essa é a primeira afirmação teológica, porque o grande sinal da
salvação, do ponto de vista de Deus, está firmado do lado de fora. O mundo é a
seara, os indivíduos do mundo são nossos alvos, por isso vemos a cruz erguida
não em lugar religioso, mas em lugar de maldição, monte da caveira, porque o
verdadeiro sacrifício oferecido pelo sumo sacerdote, Jesus, é autenticado do
lado de fora; o altar de Deus só é legitimado pelo altar de fora.
A manifestação cúltica do lado
de dentro tem que ser, antes e sobretudo, afirmado do lado de fora. Em outras
palavras, se não há culto na vida não há vida no culto. Ou seja: se a vida não
é liturgia do lado de fora, não há nada que eu empreste à liturgia que a torne
viva. Ou ainda: se a minha vida na secularidade não encarnar esse compromisso
profundo com a redenção, se eu não tiver vivido com santa e genuína
legitimidade do lado de fora da porta nas minhas ações, que se tornam
sacramento todo dia, não há nada que eu possa fazer quando estendo a minha mão
ao pão e ao vinho que empreste legitimidade a esse ato.
Este é argumento suficiente para
que eu encontre a minha própria vida na presença de Deus, sobretudo do lado de
fora do portão.
Temos uma grande tendência, como
igreja, de vivermos uma santidade intramuros resultante de falta de opção, de
confinamento religioso, ou de um mimetismo reinante em nosso meio, o qual não
nos deixa olhar para fora.
A santidade se manifesta em sua
liberdade ampla quando, mesmo do lado de fora do portão da igreja, fazemos a
opção de não trilharmos o caminho da sociedade sem Deus, mas vivermos santa e
corretamente na presença de Deus.
O
ENCONTRO COM JESUS FORA DO PORTÃO
A razão número um para se viver
a fé do lado de fora dos portões da igreja, aparecer no versículo 13, quando se
diz que o próprio encontro com Jesus acontece, não dentro, mas do lado de fora
do portão. O que o texto diz é que há uma relação de causa e efeito. Os animais
são queimados fora. Jesus sofreu fora do portão: «... saiamos, pois, – por causa disto, a Ele, fora do arraial».
Isso é extremamente forte,
porque a igreja hodierna insiste em querer viver sua santidade do lado de
dentro do portão, e o escritor aos hebreus assevera: “Olha, não entre porque
você vai perder a relação com Jesus. Ele está do lado de fora do portão. Você
deve ir para o lado de fora, para a vida real, encontrar-se com Ele na rua, na
esquina, na vida, no trabalho, na escola, faculdade, universidade, no vai e vem
da vida cotidiana, na relação com os não evangélicos, os com Deus e os sem
Deus”. Neste caso específico, Jesus não pode ser encontrado apenas no templo.
Ele é maior do que o templo, do que a religião, a liturgia, as tradições. Jesus
é encontrado quando alguém O busca com sinceridade de coração.
Isso desloca o eixo da
espiritualidade para a cozinha, a cama conjugal, o escritório, o balcão de
atendimento, para dentro de padarias, bancos, setor público, hospitais,
consultórios, presídios, dentro de caldeiras, soldando, ... Diz a Bíblia: “...
saiamos, pois, a Ele, fora do arraial”.
A vida na igreja é de busca da
unidade do Corpo, do conhecimento da Palavra, do crescimento espiritual. Mas
nosso encontro com Jesus, efetivamente, deve ocorrer em todo lugar.
LEVANDO
A CRUZ PARA FORA DO PORTÃO
A Palavra de Deus prossegue
dizendo que a segunda razão para que eu e você vivamos essa fé do lado de fora
do portão, é que o padecimento de Jesus aconteceu do lado de fora do portão e
Ele (Jesus) espera que o meu e o seu aconteçam lá também.
Observe o versículo 13:
“Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial, levando seu vitupério”. Em outras palavras,
o escritor aos hebreus está dizendo que a “boa briga”, o “bom combate”, estão
do lado de fora.
Às vezes perdemos um tempo
enorme no combate do lado de dentro, dispendemos uma energia sem tamanho com
controvérsias do lado de dentro e não partimos para a luta do bem contra o mal,
contra as forças malignas que dominam este mundo e induzem ao pecado. O
escritor aos hebreus está dizendo: “Olha, se você tiver que sofrer pelas
grandes causas; se você tiver que apanhar, apanhe lutando as grandes lutas, combatendo
os bons combates do lado de fora; se você tiver que se tornar guerreiro, vá se
tornar guerreiro contra as forças mais densas das trevas do lado de fora e não
contra os teus irmãos do lado de dentro”.
Rixas contra irmãos, dentro dos
muros, não é o vitupério de Cristo. É do lado de fora que o império do Senhor
Jesus tem que ser manifestado.
Eu, por vezes, fico pensando na
Igreja Evangélica no Brasil, especialmente nesses dias. Quando me refiro à
“Igreja Evangélica” não estou falando de uma denominação especificamente, mas
sim desse complexo de igrejas que chamamos “igreja evangélica”, crescendo assim
enormemente. Por outro lado, a gente vê também o rosto do Senhor Jesus sendo
enlameado em praça pública com escândalos, com corrupção, com vendas de
“bênçãos”, com mentiras... coisas terríveis que são feitas em nome do Senhor,
de um Senhor que vê cada uma delas como abominação. A Igreja de Cristo, e isto
deve ser feito com integridade, santidade, humildade, solidariedade,
misericórdia...
Nós temos que carregar o
vitupério (insulto, injúria, vergonha, infâmia) de Jesus do lado de fora. Temos
que tomar a parte que nos cabe, que resta do sofrimento do senhor do lado de
fora, com dignidade, com santidade, com um encontro com Deus, com esse
sentimento de sacrifício, de liturgia, de oferta de nossas vidas a Ele do lado
de fora.
Há um vitupério a ser carregado
e, se há sacrifícios a serem feitos, que sejam os grandes sacrifícios. Se há
lutas a serem lutadas, que sejam as grandes lutas, não as da mesquinharia, não
as que coloquem um irmão contra o outro, mas as lutas pelas quais Jesus morreu,
pelas quais a igreja existe, pelas quais o Evangelho nos foi dado.
Uma última pergunta me vem ao
coração: “E como é que se vive fora do portão?” Lendo o texto bíblico, há
quatro condições que se nos afiguram como sendo claras, fundamentais e
indispensáveis para que eu e você vivamos esse altar, essa santidade, esse
encontro com Jesus do lado de fora, para que carreguemos esse vitupério do
Senhor do lado de fora do portão.
1. É preciso viver do lado de
fora do portão com consciência de que a vida neste mundo é passageira. Ou seja,
para andar do lado de fora do portão, você não pode amar o mundo, nem as coisas
que há no mundo, porque o mundo passa, bem como a sua concupiscência, mas o que
faz a vontade do Senhor, permanece para sempre. No versículo 14, ao nos
convidar para o lado de fora, o escritor aos hebreus diz que “... na verdade,
não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir”. Isto quer
dizer que, para transitar de dentro para fora, de fora para dentro, devemos ter
essa consciência de transitoriedade.
Eu e você não temos nada
permanente aqui; nossas raízes não são daqui; nosso sentimento de propriedade
não está aqui; nossa busca de poder não tem seus tronos neste mundo; nossa
busca de realização pessoal não se satisfaz apenas com os aplausos daqui. Nossa
consciência de realização, de destino e de finalidade é transferida para mais
além. Nós aqui não temos cidade permanente, por isso eu posso estar dentro ou
fora do portão, porque, quando estou dentro, eu não sinto estar dentro de algo
que ia durar para sempre e que eu perdi. Este sentimento de peregrinação
resulta dessa existencialidade que olha em volta e diz: “Porque este mundo não
é nossa pátria; nós estamos aguardando a nossa pátria eterna no céu”.
EXERCITANDO
A CONFISSÃO DA FÉ
2. Em segundo lugar, o texto
afirma que, para se conseguir viver fora do portão, só com a boca cheia de
confissão de fé. Do lado de fora nos defendemos atacando com a confissão da
Palavra, enfrentamos os adversários tomando a iniciativa da confissão de fé.
Vou usar esta espada da Palavra: “Com o auxílio de Jesus, nós ofereceremos
continuamente o nosso sacrifício de louvor a Deus, ao contar as nossos a glória
do seu nome”, diz o versículo 15. Outra vez encontramos essa linguagem
litúrgica do lado de fora – o sacrifício de louvor é a boca cheia de confissão
do senhorio de Cristo, da salvação. Onde quer que entre, você entra confessando.
Já chega com a boca cheia da Palavra de Deus, de Evangelho. O seu entrar e
sair, o grande sacrifício para Deus, na secularidade é a pregação da Palavra.
Para enfrentar as forças da
indiferença, da hostilidade e da falta de solidariedade, devemos confessar a
Palavra de Deus. Devemos compreender também que essa confissão é resultado do
conhecimento da Palavra alcançado através da leitura e orientação equilibrada.
EXERCITANDO
A PRÁTICA DO BEM
3. Em terceiro lugar, aprendemos
a viver do lado de fora com vitória quando exercitamos a prática do bem. O
versículo 16 diz: “Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir o que vocês têm
com os que passam necessidade, pois sacrifícios como esses são muito agradáveis
a Ele”.
Outra vez reconhecemos a
linguagem do altar vendo o autor dizer que o sacrifício oferecido a Deus é
feito do lado de fora. É o sacrifício de bondade, de generosidade, da ajuda
mútua, da cooperação, do serviço, da diaconia. É preciso ser gente boa do lado
de fora. O mundo quer ver a bondade de Deus nas ações do povo de Deus, do lado
de fora do portão. Às vezes oramos para que Deus tenha misericórdia dos pobres,
mas não somos capazes de repartir nosso dinheiro, nossa comida, nem mesmo nossa
atenção com eles. O meio pelo qual Deus mostra sua bondade ao mundo somos nós.
O meio pelo qual Deus socorre o necessitado são também os recursos que Ele nos
deu. O meio pelo qual Deus consola o aflito é também a nossa visita, a nossa
amizade.
O modo de Deus curar o enfermo é
através da nossa oração. Deus quer dizer às pessoas que as ama e para isto Ele
conta também com a nossa boca.
CONCLUSÃO:
O mundo se choca com dois tipos
de manifestação cristã. Choca-se com a hipocrisia, a falsidade, a mentira, a
manipulação, o mercantilismo, as perversões da fé. Mas o mundo também se choca
com o extremo oposto: com a bondade, a santidade, a generosidade, a grandeza da
alma. Neste caso, eles vivem uma relação de tensão ambígua: sentem-se
perturbados e ao mesmo tempo impactados por essa maneira de viver.
Podemos exemplificar com a
questão da mídia que, por um lado, agride todos os dias essas caricaturas da
perversão evangélica, mas, por outro lado, começa a ficar chocada,
constrangida, encurralada diante das manifestações da bondade de pessoas no
meio do povo de Deus.
Do lado de fora do portão umas
das coisas que fecha a boca do adversário é a manifestação dessa bondade, dessa
solidariedade, dessa beleza humana, dessa riqueza interior, dessa capacidade de
se associar com os fracos, socorrer os necessitados, tornar-se parceiro
daqueles aos quais e com os quais ninguém quer se associar, de levantar caídos
do lado de fora. Isto tem um poder avassalador do lado de fora do portão.
Finalmente, o escritor aos
hebreus diz: “Olha, estou convidando vocês, do lado de dentro, para viverem do
lado de fora do portão, conquanto vocês devam ter um sentimento de
transitoriedade, conquanto precisem estar com a boca cheia de confissão,
conquanto precisem manifestar uma vida cheia de solidariedade, é necessário,
porém, jamais esquecer que dependem dos irmãos; para viver do lado de fora do
portão com vitória, só recebendo ministração do Corpo de Cristo, só sendo
membros do Corpo de Cristo, só
dependendo uns dos outros”. O versículo 17 termina dizendo:
“Obedecei aos vossos guias a de
submissos para com eles, pois velam por vossas almas, como quem deve prestar
contas, para que façam isso com alegria e não gemendo; porque isso não
aproveita a vós outros”.
Que equilíbrio extraordinário
possui a Palavra de Deus. Venham para fora do portão, mas mantenham o coração e
o ouvido da alma dependentes da Palavra. Com submissão, aceite a ministração,
porque não há ninguém que viva do lado de fora do portão que possa prescindir
de cuidados pastorais todos os dias, porque não há ninguém que do lado de fora,
não se fira e não precise de tratamento de alma.
Nós que estamos dentro do portão
devemos viver do lado de fora a fim de que o nome de Jesus seja levantado fora
do portão. Desejamos ver o rosto de Jesus ser lavado em praça pública; queremos
ver o nome de Jesus ser glorificado nas esquinas; queremos ver a mídia ser
persuadida por referenciais diferentes sobre o povo de Deus e sobre o
Evangelho.
A igreja, especialmente, e o
povo, de modo geral, não aguenta mais a maneira como estamos apresentando Jesus
Cristo ao mundo. A miséria da falta de caráter no arraial evangélico já chegou
a níveis insuportáveis. Por isso mesmo, precisamos erguer o altar ético do povo
de Deus na hora de pagar os impostos, na hora de vender, comprar; necessitamos
levantar o altar ético cristão na hora de fazermos política, de negociar, na
hora de falar com o filho, na hora de honrar os pais, na relação marido-mulher,
patrão-empregado, pastor-ovelha, enfim, na hora de manifestar a cidadania nas
suas formas mais variadas. Ou isso ou continuaremos presenciando os mais
dantescos escândalos cometidos por igrejas evangélicas no Brasil. É preciso
mudar!
Que os grandes desafios do povo
de Deus tenham esse rumo, passem por esse canal de conduta da vivência de fé,
do lado de fora do portão, com coerência, com santidade, coragem para carregar
o bom vitupério, sofrimento, com consciência de transitoriedade, com a boca
cheia de confissão sobre a salvação, com solidariedade para com os mais fracos
e com vínculos profundos de comunhão com o Corpo de Cristo.
Quero, aqui, dizer duas coisas:
uma intelectual e uma moral. O conselho intelectual que eu quero dar é esse:
quando você estiver estudando um assunto ou considerando alguma filosofia,
pergunte a si mesmo, somente: Quais são os fatos? E qual é a verdade que os
fatos revelam? Nunca se deixe divergir pelo que você gostaria de acreditar ou
pelo que você acha que traria benefícios às crenças sociais se fosse
acreditado. Olhe apenas e somente para quais são os fatos. O conselho moral:
aprenda a fugir de qualquer tipo de moralismo exacerbado, autoritário e
judicante. Você está de pé por causa da grande e infinita misericórdia de Deus.
Ponto.
Rev. Paulo Cesar Lima
Comentários
Postar um comentário