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A PEDAGOGIA DO ESPÍRITO SANTO NA ORAÇÃO



A Pedagogia do Espírito Santo na Oração


A fraqueza moral impede-nos de orar por nós mesmos e por outras pessoas, o que explica a debilidade de nossas orações. Esse problema, entretanto, é solucionado pela ajuda divina do Espírito Santo.

“O Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza, porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis” (Romanos 8.26).

INTRODUÇÃO:

A elevação das nossas orações ao trono da glória não é nenhum processo fácil, e esta nossa ansiedade é descrita como se fosse dores de parto por atingir essa glória, porquanto nossa própria redenção depende dessa escalada. Assim também, o próprio crente se expressa em gemidos, aguardando a concretização dessa redenção. Ademais, há também um ser transcendental que se envolve vitalmente nessa expectação, intercedendo em favor do crente com “gemidos” e “suspiros” que não podem ser expressos; “gemidos profundos demais para se traduzir em palavras”, ou em qualquer expressão humana. Esse ser é o Espírito Santo, que habita na igreja sendo o verdadeiro agente da sua transformação e, imagem de Cristo, e que, a despeito da fraqueza deste, dá continuação à sua solicitude.

NOSSA FRAQUEZA

Essa fraqueza alude à nossa “condição moral”, em que, apesar de sermos “filhos de Deus” no homem interior, ainda estamos enclausurados em corpos mortais, com toda a debilidade, moral e espiritual, que isso produz. A fraqueza moral impede-nos de orar por nós mesmos e por outras pessoas, o que explica a debilidade de nossas orações. Esse problema entretanto, é solucionado pela ajuda do Espírito Santo.  Ele compensa nossas falhas, sendo a garantia real da plena possessão final de tudo aquilo que Deus tem para nos dar. Além disso, essa expressão “fraqueza”, diz respeito a determinados abatimentos em nossa vida de oração. Mas escreve Paulo, o Espírito Santo ajuda em nossas orações. O vocábulo grego traduzido como “assiste” literalmente “ajudar numa tarefa”. Marta empregou a mesma palavra quando apelou para nosso Senhor a fim de que ordenasse a Maria para ajudá-la no preparo da refeição (Lucas 10.40). O Espírito Santo nos presta ajuda, dando-nos a mão enquanto estamos orando. Não se trata de que Ele nos ajude a suportar as nossas fraquezas, mas sim que Ele ajuda a nossa fraqueza, guiando-nos ao assunto da oração, e como devemos orar, a forma e maneira de nossa oração.

NÃO SABEMOS ORAR

Isso não significa que nós sejamos totalmente ignorantes do verdadeiro objetivo e métodos da oração, mas que, quando muito, percebemos mui superficialmente o seu elevadíssimo destino em Cristo, apesar de sermos divinamente auxiliados; e também significa que a nossa vida de oração seria extremamente superficial, a menos que fosse aprofundada pela ajuda do Espírito de Deus.

A palavra traduzida por “como” na realidade poderia ser literalmente traduzida por “o que”. Não sabemos pelo que devemos orar. Isto é, não sabemos a coisa particular definida sobre a qual devemos orar. Quanto aos assuntos gerais para a oração – a salvação dos perdidos, a santificação dos crentes, nossas necessidades diárias – sobre essas coisas somos naturalmente ignorantes. É justamente nesse ponto que o Espírito vem em nossa auxílio.

O termo “orar” é prefixado com uma preposição que tem o sentido de “para com”. A palavra composta se refere à oração dirigida a Deus, uma entrega consciente e definida a Ele no tocante às nossas necessidades, nossos desejos, nossas petições. O Espírito Santo, dessa forma, fornece a energia ao crente, para que ore por coisas particulares que estejam de conformidade com a vontade de Deus, uma oração dirigida a Ele.

A INTERCESSÃO DO ESPÍRITO

A Palavra aqui traduzida como “sabemos” não é a palavra grega que indica conhecimento por experiência, mas antes, “conhecimento intuitivo, natural para o ser e a constituição do indivíduo”. Não possuímos conhecimento intuitivo sobre a coisa particular pela qual devemos orar.  Assim diz Newell: “O Espírito Santo, que conhece a vasta necessidade abismal de cada um de nós, reconhece que essa necessidade é particularmente destacada”. Esse mesmo autor, no que concerne aos “gemidos” assim expressos em nosso favor e intercessão, comenta como segue: “Gemidos – que palavra! e é usada acerca do próprio Espírito do Todo-poderoso! Quão superficial é a nossa apreciação por aquilo que está sendo feito, tanto por Cristo em nosso favor, como pelo Espírito Santo em nosso interior”.

A palavra “convém”, é a mesma empregada em João 3.7, onde é traduzida como “importa”. Literalmente significa “é necessário em a natureza do caso”. A necessidade, em a natureza do caso, se encontra no fato de que Deus faz seu plano entrar em processo mediante as orações dos santos. E a fim de que oremos de conformidade com a vontade divina, devemos estar de tal modo entregues ao controle do Espírito Santo que Ele possa introduzir em nosso ministério de oração aquelas coisas que Deus está planejando cumprir. É claro, portanto, que a fim de podermos orar completamente, devemos estar em sintonia com o Espírito de Deus e debaixo do Seu senhorio.

O Espírito Santo, sendo uma Pessoa, faz intercessão. Essa palavra – “intercede” – vem de um vocábulo grego que é extremamente pitoresco. É empregado acerca de alguém que sai em favor de outrem que está em dificuldades, e pleiteia a favor desse alguém. Conforme diz Alford: “O Espírito Santo de Deus, que habita em nós, conhecendo nossas necessidades melhor do que nós, pleiteia pessoalmente em nossas orações, elevando-nos até desejos mais altos e mais santos do que podemos expressar em palavras e que só pode encontrar expressão em suspiros e gemidos”.

CONCLUSÃO:

Deus Pai, que sonda os corações de seus santos a respeito de suas orações, quer expressas ou não, interpreta esses gemidos não articulados do Espírito que está em nós, por motivo de o Espírito pleitear a nosso favor, em nós, e através de nós, de conformidade com a vontade de Deus.

A lição que aproveitamos é que, se esperarmos ter uma oração inteligente, poderosa e rica, devemos ter vidas controladas pelo Espírito Santo. Amém! 

Rev. Paulo Cesar Lima
Presidente da CNADEC

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