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O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO


                     O batismo com o Espírito Santo

Atos 2.4: “E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram
a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem.”

REFLEXÃO:

O que até aqui tem-nos sido ensinado sobre o Espírito Santo, a Terceira Pessoa da Trindade, não chega, nem de perto, ao aprofundamento que o assunto exige. Por isso mesmo, vamos tentar desmistificar alguns ensinamentos e tentar mostrar toda a demanda que o estudo nos impõe.  

Esta reflexão é resultado de observação e estudos fenomenológicos realizados nos meios pentecostais históricos e pós-pentecostais.

Que esta reflexão sirva de estímulo para você buscar as grandes verdades sobre a Terceira Pessoa da Trindade nas Escrituras Sagradas.

QUAIS AS IMPLICAÇÕES DA CRIAÇÃO DO DUALISMO QUALITATIVO «MAIS E MENOS» NAS IGREJAS?

1. Os batizados com o Espírito Santo «são mais»; os não batizados com o Espírito Santo «são menos».
2. Esta atitude é reprovada biblicamente. Bem ao contrário do que estamos acostumados a ouvir, o batismo com o Espírito Santo nos coloca em predisposição de comunhão com todos e nos dá uma consciência igualitária.
3. Ninguém é mais ou menos porque é batizado com o Espírito Santo.

A SACROSSANTA SANTIFICAÇÃO

1. Ter que ser espiritual é pior do que ser apenas crente em Cristo. A primeira vem de imposição; a segunda vem da espontaneidade.
2. Devemos buscar o batismo com o Espírito Santo porque é uma promes­­sa de Jesus à Igreja e não para sermos mais do que ninguém.
3. O batismo com o Espírito Santo não é promovedor de status; muito pelo contrário. As pessoas batizadas com o Espírito Santo tornam-se mais acessíveis às outras pessoas.

BATISMO BIÔNICO

1. Criamos um batismo biônico com a utilização do próprio esforço humano.
2. Fazemos intervenções em negócios que não nos dizem respeito.
3. Agimos como se fôssemos “ajudadores” do Espírito Santo. Ele não precisa de nós para fazer o que lhe apraz.

FOME DE PODER

1. Infelizmente, enfatizamos muito o poder a partir da ideia do ter, da potencialização e nos esquecemos que este poder foi-nos dado para resistirmos aos embates da vida cristã.
2. Aderimos à ideia de posse, ou seja, de termos o Espírito Santo e nos esquecemos que o sentido bíblico é exatamente o contrário: é o quanto Ele tem de nós (Efésios 5.18).
3. Somos batizados com o Espírito Santo para sermos «testemunhas» (mártires – Atos 1.8).

A IMPESSOALIDADE DO ESPÍRITO SANTO PROVOCADA PELO USO EXAGERADO DOS SÍMBOLOS

1. A nossa utilização exaustiva e exagerada dos símbolos que envolvem o Espírito Santo fez-nos enxergá-lo como algo e não como Alguém.
2. Não conseguimos conceber a ideia de que o Espírito Santo é uma Pessoa, pelo menos na prática, por conta do nosso pensar com referência à Terceira Pessoa da Trindade.
3. Se do lado teórico tratamos o Espírito Santo como Deus; do lado prático, Ele é visto como uma «emanação divina» ou coisa que o valha.

A SEPTICEMIA DO PLATONISMO NA CORRENTE TEOLÓGICA DAS IGREJAS PENTECOSTAIS

1. Desenvolvemos, ao longo dos anos, uma maneira peculiar de vermos a «carne» como elemento negativo da nossa constituição, que precisamos submeter às custas de sacrifícios.
2. Interpretamos a luta do «Espírito» contra a «carne» como se o «espírito» mencionado pelo apóstolo Paulo fosse o «nosso» e não se tratasse do Espírito de Deus. Paulo está falando do Espírito Santo e não do «espírito» que há no homem (Gálatas 5).
3. Ficamos tão concentrados em combater a «carne» que nos esquecemos de viver a plenitude do Espírito. Segundo as palavras de Jesus, o «espírito» está pronto: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26.41).

MENINOS ESPIRITUAIS VERSUS PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO

1. A plenitude do Espírito Santo está para a sua manifestação; não acontece pelo nosso merecimento. Deus se manifestou, em sua plenitude, porque quis.
2. O espiritual, de acordo com o Novo Testamento, é tão-somente o que passou pela experiência de ser recebido por Jesus. Nada mais.
3. Quando somos recebidos por Jesus a plenitude do Espírito Santo se manifesta em nós nos tornando pessoas plenas de espiritualidade: “...o que é nascido do Espírito é Espírito” (João 3.6). 

BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO VERSUS SER CHEIO DO ESPÍRITO SANTO

1. Há uma corrente em nosso meio que acredita que só podemos ser cheios do Espírito Santo quando somos batizados com o Espírito Santo. Ledo engano!
2. O evangelho de Jesus, segundo Lucas, diz que Ana, Simeão eram cheios do Espírito Santo. E isso aconteceu antes do pentecostes (Lucas 1.15,41,67).
3. O «cheio do Espírito» em Atos 2 e o «cheio do Espírito» em Atos 6 são coisas diametralmente opostas. O primeiro trata de algo circunstancial, momentâneo: a ação do Espírito Santo face a um desafio; o segundo, de algo que tem a ver com o devocional da vida, com a espiritualidade.

BATISMO COM O ESPÍRITO NÃO TEM PRESSUPOSTOS MORAIS

1. Batismo com o Espírito Santo é revestimento de poder*. Não tem, portanto, pressupostos morais. Isto quer dizer que uma pessoa batizada com o Espírito Santo não se torna moralmente mais santa do que aquela que não é batizada. 
2. O que é batizado com o Espírito Santo se diferencia como alguém que teve uma experiência com o poder (?) de Deus. Ele não é mais santo do que aqueles que não tiveram a experiência ainda.
3. Repito: o batismo com o Espírito Santo, biblicamente falando, é um revestimento de poder para resistirmos às perseguições e tribulações que enfrentaremos ao pregarmos o Evangelho como testemunhas (mártires) de Jesus. Portanto, batismo com o Espírito Santo não é «batismo de santidade». Isto porque ele (o batismo) não tem pressupostos morais. Ou seja: uma pessoa batizada com o Espírito Santo não se torna moralmente mais santa do que aquela que não é batizada. 

CONCLUSÃO:

Que a nossa compreensão do Espírito Santo seja mais bíblica e menos emocional; seja mais coerente e menos exagerada; seja mais piedosa e menos egoísta.

PENSAMENTOS:

Batismo com o Espírito Santo não deve ser entendido apenas como o momento sobrenatural das línguas estranhas, mas sim como a manifestação sobrenatural da Terceira Pessoa da Trindade nos levando a mais alta dimensão de contrição, amor e devoção.  

Rev. Paulo Cesar Lima

______________________________________________
(*) A palavra “poder”, no Novo Testamento, é polissêmica, ou seja, tem vários sentidos. Só que quando definimos o batismo com o Espírito Santo como revestimento de poder, não estamos dizendo o que é este poder. Por exemplo, alguns acham que o “revestimento de poder” é uma manifestação sobrenatural do Espírito Santo para realização de milagres. Outros já pensam a palavra “poder” como uma potencialização do amor.  

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